Hábito
Pode não parecer, mas o silêncio teu me faz perecer.
Incrível como faz falta o som de sua voz ao anoitecer.
Incrível como nos habituamos a outrem mesmo sem tudo saber.
Sei apenas deste silêncio ensurdecedor.
Que teima em perguntar-me sobre o que é o amor.
A mente divaga por lembranças, e tenta causar torpor.
No entanto, nada embriaga.
Nenhuma lembrança no momento afaga.
Tento moldar este pensar, mas a mente apenas divaga.
E neste divagar sem desejar parar,
Encontro-te em muitos campos deste devanear.
Devaneios sublimes que fortalecem a essência de se amar.
Talvez não passe mesmo de devaneios!
Talvez tão somente neles cure meus anseios!
Ou ainda talvez em devaneios deixe meus receios.
E quem sabe desperto lhe encontraria!
O silêncio não mais a mim mortificaria!
A tua presença finalmente a este fortificaria.
Estranho pensar em nossos hábitos.
E a forma como faz falta os sentidos cálidos.
Estranho é divagar novamente.
Por um caminho que pensava ser agora descrente.
Mas noto que o caminho é desconhecido.
Não o mesmo que em outros tempos fora percorrido!
Cria-se nova trilha,
E este percorrido com alegria.
Talvez então, não seja tão somente um hábito
Mas o momento que antecede o nascimento de um amor válido.